Liga de Honra - 8.ª jornada
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Numa tarde quente e algo abafada, o Varzim deslocou-se ao Estádio Alfredo Marques Augusto para defrontar o Olivais e Moscavide, equipa recém-promovida à Liga de Honra.
Olhando para a assistência, era possível desde logo adivinhar o que esperava os varzinistas: mais de meia casa (perto de dois mil espectadores), com uma massa associativa local por vezes demasiado aguerrida e a numerosa e vociferante claque dos Moscaknights a incentivar a sua equipa do primeiro ao último minuto. Pelo lado dos da Póvoa, algumas dezenas de adeptos, pouco ruidosos mas sempre fiéis.
O jogo começou incaracterístico, com muita luta a meio-campo (mas nem por isso demasiadamente faltoso), a fazer lembrar um jogo da 2ª Divisão B, de onde os locais provêm e através do qual já tinham conseguido vencer o Guimarães. Aliás, a única derrota clara que tinham averbado no seu reduto fora precisamente com o Trofense, praticante do mesmo tipo de futebol e também recém-promovido daquele. Perante um meio-campo muito povoado e uma dupla de centrais que rubricou uma belíssima exibição, tivemos pois um Varzim que não conseguia o seu objectivo de pegar no jogo e tentar servir Pedrinho e Mendonça nas costas dos laterais adversários, sabendo-se que esse tem sido o ponto fraco da formação do Olivais e Moscavide. Contudo, a equipa da casa, arrumada, agressiva no meio-campo e coesa, não o permitiu. Nessa primeira parte assistimos assim a um jogo dividido, embora os locais, conseguindo impor o jogo que queriam, começassem com o tempo a criar cada vez mais perigo, sempre pelo lado esquerdo, onde pontificou Filipe Falardo (a justificar o porquê de ter estado nos planos de Domingos Paciência para o União de Leiria no início desta época), com a preciosa ajuda do criativo Celestino (jovem de 19 anos emprestado pelo Sporting).
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Foi assim que os locais deixaram os alvi-negros com o credo na boca aos 17 e 23 minutos, primeiro numa jogada de envolvência e depois numa atrapalhação da defesa poveira, destacando-se nessas alturas Rui Barbosa, com duas defesas de luxo. Sentia-se que o Varzim teria de fazer mais do que os remates de meia-distância (destaque para um de Mendonça, perigosíssimo, aos 25 minutos) com que até aí vinha tentando furar a muralha dos de azul e grená. Faltava-lhe acutilância e, no miolo, Nuno Rocha revelava-se muitos furos abaixo daquilo que se esperava.
Perante este cenário, não foi com total injustiça que os locais inauguraram o marcador aos 27 minutos, pelo já referido Filipe Falardo, aproveitando uma falha de marcação ao segundo poste na sequência de um canto. Procuraram responder os forasteiros, mas apenas lograram criar perigo real num remate de Denilson, já à beira do intervalo.
Chegou o descanso e Horácio Gonçalves optou por deixar Nuno Rocha nas cabinas, entrando para o lugar deste o argentino Diego. E que bem começou o Varzim! Acutilante, rápido, com Mendonça mais apoiado e a revelar-se mais lesto a soltar a bola, enquanto Diego fazia também ele soar o alerta vermelho nas hostes adversárias, nomeadamente aos 50 minutos quando, após excelente jogada, falhou clamorosamente só com o guardião adversário pela frente. E esse lance acabaria por ser decisivo pois, logo a seguir, uma intervenção azarada de Tito colocou a bola nos pés de Laurindo, que fuzilou Rui Barbosa para o 2-0. Terão pensado muitos dos presentes que o jogo estava sentenciado. Puro engano: na Póvoa do Mar mora uma equipa de grande qualidade e com uma força anímica admirável, que vende cara qualquer derrota e só atira a toalha para o chão quando o jogo acaba. Foi pois sem surpresa que o Varzim encostou o Olivais e Moscavide positivamente às cordas e que Denilson facturou o 1-2 aos 63 minutos. Tremiam os da casa e, perante o jogo dos poveiros, esperava-se a reviravolta.